André Teixeira: “Não podemos permitir que nos momentos de crise se viole direitos fundamentais”

Em tempos atípicos, a AEDUM considera que a utilização da ferramenta “Respondus”, incentivada pela Universidade do Minho, “não é prática e, para além disso, não é moral, nem legalmente justificável”.

A Associação de Estudantes de Direito da Universidade do Minho (AEDUM) publicou, esta segunda-feira, uma carta aberta à comunidade académica. Este comunicado tinha como intuito expor a insatisfação relativa à utilização de “ferramentas invasivas”, como a “Respondus”, para a avaliação digital.

Em entrevista ao ComUM, André Teixeira afirma que a principal motivação para a elaboração desta carta foi “a consciencialização da comunidade e de toda a gente a quem este tipo de ferramentas toca”. Segundo a carta aberta, estas são ferramentas “intrusivas de cariz obrigatório que violam os direitos de personalidade e privacidade dos alunos”.

Em sequência, André Teixeira salvaguarda que estes tempos difíceis pedem soluções rápidas para os diversos problemas que possam surgir. Contudo, tal como referido na carta, “é em situações de crise que direitos e liberdades são mais facilmente limitados e restringidos”. Por isso, o presidente da AEDUM acredita que não se pode “sacrificar os direitos dos estudantes apenas para evitar fraudes que possam surgir durante o momento avaliativo”.

De forma bem sucinta, o entrevistado declara também que este comunicado pretende informar a comunidade académica, tendo como intuito a partilha daquilo que consideram ser um problema, a necessidade de afirmação de uma posição e dar “fundamentação a essa posição”. Melhor dizendo, através da explicação do problema, a meta a atingir é que as pessoas formem uma opinião sobre o assunto.

André Teixeira, durante a entrevista, enuncia aquilo que julga serem algumas soluções para os problemas que levaram à utilização destas plataformas. Se a universidade utiliza plataformas intrusivas para fazer com que as pessoas não acedam a ajudas exteriores como é o caso do Google, talvez a solução para este problema seja assegurar que as questões são realizadas de forma a que não possam ser resolvidas através de uma simples pesquisa no respetivo motor de busca.

Por fim, o representante da AEDUM reconhece as razões que motivam a universidade a utilizar este tipo de ferramentas. A grande preocupação por parte da instituição é “assegurar que não haja fraude”. Contudo, “a ferramenta “Respondus” não é a melhor resposta para o problema”.

Na ótica de André Teixeira, nesta procura do combate à fraude académica, a instituição está a utilizar um instrumento que, para além de não garantir que não ocorra fraude, dado que é possível o acesso ao telemóvel, resumos, está também “a violar os direitos dos estudantes”. Assim, considera que neste momento “o mais importante é manter a justiça para com as avaliações dos estudantes, acima do medo de fraude que possa advir”.

Por Sofia Faria - 02 de Fevereiro